Gil Pinto
Nas três décadas do meu trabalho para o desenvolvimento da cultura musical em Moçambique, fui confrontado com o empobrecimento e a perda de grandes artistas do nosso País. Testemunhei também muitos casos de discriminação e censura, praticados por funcionários do governo, organizações não governamentais e pela Associação dos Músicos. Um destes casos foi a morte do músico popular da Beira, Gil Pinto.
Em Fevereiro de 2016 assinei um contrato om o Presidente do CMB, Daviz Simango, em vigor até hoje. O objetivo era montar um estúdio de baixo custo, apoiar a produção com músicos locais, formar jovens engenheiros de som e promover artistas beirenses para uma carreira internacional. Infelizmente, era tarde demais para a carreira de Gil Pinto. O artista faleceu um mês depois.
Três semanas antes da morte do Gil Pinto, em Março de 2016, conversei com o artista na cerimônia de inauguração do Estúdio do Conselho Municipal da Beira. Gil Pinto reclamou que nunca recebeu apoio (Conselho Municipal, MDM, Frelimo, Associação dos Músicos na Beira) e que apesar da popularidade ainda não consegiu realizar o sonho de construir uma casa digna para sua família
Dado a desgraça do artista e no momento de luto, achei extremamente vergonhoso que o Edil e a Governadora lutaram para aproveitar da popularidade e da morte do Gil Pinto para interesses políticos. Conversei logo com artistas da cidade da Beira e apresentei ao Edil Simango uma iniciativa de uma homenagem. Sugeri que as receitas da venda do álbum e da realização de um concerto fosse beneficiar a família enlutada.
Maio 2016: O estúdio na Beira numa casa de banho no Novocine, 2 meses depois da sua inauguração oficial.
Dhakala Band "Gil Pinto" - uma das músicas para o disco de homenagem
Iniciei a produção dos primeiros instrumentais em Abril 2016 no estúdio da minha empresa "Inside Mozambique Lda." na Província de Maputo com músicos moçambicanos e zimbabweanos. O trabalho das gravações vocais iniciou pouco mais tarde no estúdio na Beira sob pessimas condições acústicas, alegadamente por falta de fundos para o isolamento.
Os patrocinadores nomeados na música da Dhakala Band
As empresas Cornelder de Moçambique S.A.R.L. e Banco de Moçambique foram as primeiras a confirmar um patrocínio para a produção da homenagem. O Edil indicou o Director Apingar Garcia e Sande Carmona, porta-voz do MDM como responsáveis pela gestão financeira da iniciativa, no entanto, os fundos não foram disponibilizados para a produção e o Edil nunca tomou uma posição.