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Roland Hohberg

Artistas e Propaganda

Há alguns anos, ainda procurei incentivar um diálogo publicando sobre as minhas experiências com músicos e as autoridades culturais em Moçambique.


Um olhar para trás:


30.11.2019


Os tempos eram outros. Estou falar dos anos 1997/98. O concurso Ngoma não estava aberto para qualquer artista, apenas para aqueles que realizavam suas gravações nos estúdios da RM.


Dessa regra discriminatória ninguém escapava, nem uma Zena Bacar com seu grupo Eyuphuro, Zaida e Carlos Chongo, Xidiminguana ou Alexandre Langa, muito menos os membros do Projecto Mabulu (Chonyl, António Marcos, Lisboa Matavel, Dilon, Mutcheca)


Elisa Lisete James Humbane, na altura com 15/16 anos, fez parte dos exluídos, simplesmente por gravar num estúdio privado, onde gravou quase toda geração jovem. E não eram estúdios financiados com dinheiro roubado do povo, lavagem de dinheiro, drogas, raptos ou corrupção.


A gravação nos estúdios da RM custava 85 dolares americanos por hora, no estúdio da Mozambique Recording apenas 10. As grandes empresas estatais e ONGs estrangeiras patrocinavam as gravações na RM e a censura e discriminação reinavam na música nacional.


Hoje, a Elisa Lisete e muitos dos jovens da virada do milenio seguiram o "Patrão é Patrão", cantam nas campanhas políticas, comem onde estão amarrados e podem também ganhar premios, geleiras e fogões.


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